quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O Pacto Ribbentrop-Molotov


Em 23 de agosto de 1939, Hitler e Stalin assinaram um pacto de não-agressão. Alemanha e União Soviética se comprometeram a não atacar uma à outra e se manter neutras se uma delas fosse atacada por uma terceira potência.

Stálin é o segundo à direita,


O noticiário nas telas dos cinemas, muito utilizado como meio de propaganda na Alemanha nazista, informava: "As missões militares das potências ocidentais ainda estavam em Moscou quando o ministro de Relações Exteriores do Reich, Von Ribbentrop, chegou à capital soviética. Depois de uma recepção cordial, o ministro foi para a embaixada alemã e apresentou-se mais tarde no Kremlin, onde foram assinados, na presença de Stalin, os pactos de não-agressão e de consultações".

O que foi noticiado como óbvio, em 23 de agosto de 1939, era sensacional não só para a maioria dos alemães, mas também para as potências ocidentais Reino Unido e França. Afinal, a União Soviética vinha sendo, há anos, apontada pela propaganda nazista como inimigo político dos alemães. Como poderia ser diferente de uma hora para outra?

Hitler: renunciamos ao uso da violência

Hitler disse no Parlamento em Berlim: "Os senhores sabem que a Rússia e a Alemanha são governadas por duas doutrinas diferentes. Mas, no momento em que a União Soviética não pensa em exportar a sua doutrina, eu não vejo mais motivo que nos impeça de uma tomada de posição. Por isso decidimos firmar um pacto que exclui o uso de todo tipo de violência entre nós por todo o futuro".

No seu discurso no Reichstag, Hitler não disse uma palavra sobre o que a Alemanha e a União Soviética assinaram de fato em 23 de agosto de 1939. Pois o chamado Pacto Hiltler-Stalin não consistia só na parte oficial em que os dois ditadores se comprometiam em não apoiar os inimigos um do outro, mas também num protocolo adicional secreto. Nesta parte ficou combinada uma divisão da Polônia e da Finlândia, e os Estados bálticos e a Bessarábia foram prometidos à União Soviética.

Oito dias antes do ataque alemão contra a Polônia, o protocolo falava, previamente, de uma "reorganização político-territorial" do Estado polonês e de uma invasão pelas tropas da Wehrmacht, como esclarece o historiador alemão Karl-Dietrich Bracher.

"Já em maio de 1939, Hitler disse a comandantes militares que não poderia mais alcançar novos êxitos sem derramamento de sangue. Quer dizer que estava escolhido o caminho para a guerra. Agora então só se poderia falar sobre quais as possibilidades de marchar para a guerra por um caminho plausível e sem grandes riscos."



Guerra contra o Ocidente

Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista, já profetizava o fim da guerra contra o Leste Europeu em fevereiro de 1940: "Uma guerra em dois fronts – a nossa grande perdição – é coisa do passado. Agora a nação alemã vai se voltar exclusivamente para o Ocidente. É para lá que dirigimos as nossas metas, todas as nossas esperanças e também todos os nossos desejos", disse o ministro da Propaganda numa manifestação gigantesca do Partido Nazista.

Poucos meses depois, as tropas alemãs invadiram a Bélgica, Holanda, Luxemburgo e, finalmente, também a França. Stalin observava tudo passivamente. França e Inglaterra haviam entabulado negociações secretas com a União Soviética, em 1939, mas, ao contrário de Hitler, não se dispuseram a deixar o Leste da Europa sob o domínio de Moscou.

Relações comerciais com a Alemanha também eram de importância decisiva para a União Soviética e Stalin assegurou a importação de máquinas e tecnologia militar, assinando um acordo econômico com os nazistas.

Hitler ataca URSS de surpresa

Hitler, por sua vez, firmou o pacto de não-agressão principalmente com o propósito de ganhar tempo para os seus planos de guerra. No final de 1940, ele deu instruções concretas, sob o código Barba-Roxa, para sua campanha contra a União Soviética. Em 22 de junho de 1941, as tropas nazistas atacaram, de surpresa, a União Soviética.

O pacto Hitler-Stalin – uma aliança entre dois ditadores e dois Estados com regimes completamente opostos –, que deveria possibilitar aos dois parceiros conquistas territoriais e políticas de grandes proporções e, ao mesmo tempo, mudar o equilíbrio político na Europa, foi uma mácula na história.

Nenhum comentário: