Emblema da FEB com a ilustração de uma cobra fumando cachimbo
O Correio Braziliense de hoje traz uma reportagem sobre a participação brasileira na II Guerra Mundial. Apesar de destacar a “bravura” de nossos pracinhas no combate contra as forças alemãs, o cerne da reportagem revela as péssimas condições física, bélica e de preparo militar dos nossos soldados.
Que nossa participação nos combates finais desse conflito foi medíocre, não há dúvida. O velho ufanismo, tão caro ao Exército ou a setores nacionalistas, que destacaram a “bravura” desses soldados, que exaltaram a participação “importante e decisiva” do Brasil na Segunda Guerra, escondia um recrutamento deficiente, soldados com várias doenças venéreas - contraídas ainda no Brasil, - sem instrução – muitos analfabetos – e com um armamento obsoleto. Estas foram as marcas de nossos pracinhas.
Essas deficiências vexatórias provocaram, segundo o general de guerra João Batista Mascarenha de Morais, “amargos dissabores e pesados vexames” quando esse contingente formado por homens desdentados, subnutridos e com péssima formação escolar e militar, apresentou-se para o combate na Itália. Nossa vitória em Monte Castelo, portanto, foi menos por causa da habilidade e coragem de nossos pracinhas do que pela debilidade das forças nazistas que sofriam na Itália e em outras partes da Europa, as duras ofensivas dos aliados, sobretudo das forças anglo-americanas no sul e no oeste e do Exército Vermelho, no leste. Cansados, com o moral abatido, os soldados nazistas sequer conseguiram resistir ao pelotão brasileiro, treinados às pressas, usando armamento americano, e que, diga-se, só tinha a oferecer o destemor. Não era muito, embora, estivesse longe de ser pouco.
Soldados brasileiros após a batalha de Monte Castello, Itália no dia (ou pouco depois de) 22 de Fevereiro de 1945.
Duas perguntas se impõem: Por que, sem condições, o Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial? Antes de tudo, é preciso lembrar que o Brasil, durante a Segunda Guerra, vivia sob o regime ditatorial do Estado Novo (1937 – 1945). Ideologicamente, portanto, estava muito mais próximo do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) do que dos aliados (Inglaterra e Estados Unidos, principalmente). Muitos membros da ditadura de Vargas eram simpatizantes do nazismo e do fascismo. Alguns aspectos do Estado Novo, como estatismo, ausência de eleições e censura eram inspirados nesses regimes totalitários. Por muito pouco, o governo getulista não fechou um acordo com os nazistas, como comprova a seguinte mensagem do general Dutra - que sucederia Vargas na presidência - à presidência da república, datada de 20 de novembro de 1940: “Cabe-me, em conclusão, declarar a V Excia que da leitura deste relatório mais revigorada sinto a necessidade de prosseguirmos, com todo o afinco, nas tentativas de receber o material encomendado no Reich e que por este país vem sendo posto à nossa disposição, malgrado as tremendas dificuldades que atravessa,dentro dos prazos e das quantidades estipuladas em contrato.”
Outro exemplo conhecido por muita gente porque tratado em filme de sucesso, foi a decisão política do governo Vargas em entregar a revolucionária comunista Olga Benário aos nazistas depois da malfadada Intentona Comunista de 1935. Retratada no filme como uma heroína que sonhava com um mundo mais justo - e na cabeça dela isso só ocorreria com a implantação do comunismo no Brasil - foi deportada ilegalmente para a Alemanha nazista, grávida de um brasileiro, Luís Carlos Prestes, recém-convertido à ideologia comunista. Vendo o filme, dá até para sentir pena da Olga. A verdade, porém, é bem menos romântica. Olga e Prestes faziam parte de um plano para derrubar o governo Vargas que na época era constitucional e legítimo. Se Vargas usou essa tentativa de Golpe para implantar o Estado Novo é bom lembrar que se a Intentona tivesse vencido, a democracia teria sido varrida de nosso país da mesma maneira, com a diferença, estou seguro, que o número de mortos e de perseguidos seria bem maior, a julgar pelo DNA stalisnista dos revolucionários. Volto ao ponto.
Apesar de todo flerte do governo Vargas com o nazismo, na hora da verdade, o Brasil ficou do lado dos aliados. A razão principal: os Estados Unidos aprovaram, finalmente, o empréstimo para a construção da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), decisiva para os planos de Vargas que tencionava acelerar a industrialização brasileira. Diante do compromisso do governo dos Estados Unidos e do empenho pessoal do presidente Franklin Delano Roosevelt, O Brasil declara apoio aos aliados. A reação do eixo foi imediata: submarinos alemães e italianos afundam navios brasileiros no atlântico e o Brasil, depois de assegurar o dinheiro americano, declara guerra ao Eixo, isso em 1942. Dois anos depois, enviamos nossos pracinhas, amargando dissabores e vexames, ao teatro do conflito.
A segunda pergunta que se impõe é a seguinte: as nossas Forças Armadas, hoje, estão melhores equipadas do que estavam em 1944? A pergunta não é boa. Talvez uma maneira mais adequada de perguntar, fosse: nossos homens e nossas armas, atualmente, equiparam-se em qualidade, preparo e tecnologia às melhores Forças do mundo? É forçoso dizer que não. Se nossos militares, atualmente, estão física e intelectualmente bem superiores aos pracinhas da II Guerra, a falta de investimentos do governo na área militar nos coloca bem atrás mesmo de exércitos medianos. Comparativamente, nosso exército hoje, tem, com certeza, uma distância parecida, em qualidade da tropa e em tecnologia bélica, que tinha na década de 40 do século passado em relação às grandes potências, com um agravante: nem na América do Sul somos os mais fortes. A Venezuela, do bufão Hugo Chávez, do ponto de vista militar, é superior às nossas forças.
Leia a matéria! É curta, mas muito instrutiva. Não a publico aqui porque não assino o Correio e por isso não tenho acesso ao jornal pela internet
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