domingo, 23 de maio de 2010

O Mercado de ações

Uma das maiores dificuldades que o aluno enfrenta ao estudar a Crise de 29 é entender como funciona o MERCADO DE AÇÕES.

Quando se diz que na década de 1920, os americanos investiam pesado na Bolsa de Valores, o aluno faz aquela cara de que não entendeu chongas. Fique tranquilo, você não está sozinho nessa, entendem?

Escarafunchando a internet, descobri um site que se não é um primor de clareza, ao menos tenta simplificar o entendimento de como funciona o mercado de ações. Espero que as informações abaixo ajudem vocês a entender melhor como funciona esse mercado e assim compreender por que a especulação na Bolsa de Valores acabou se tornando uma das causas para o crash de 29 e para a Grande Depressão.

O MERCADO DE AÇÕES¹

Antes de mais nada é importante definir o que é uma ação. Você já deve ter lido em algum lugar que uma ação é um título de renda variável emitido por uma sociedade anônima que representa a menor fração do capital da empresa emitente. Vamos traduzir esta definição aos poucos: primeiro é importante entender o que é uma sociedade anônima (S.A.). Uma Sociedade Anônima é uma empresa que pode ter ações em bolsa (capital aberto), ao contrário, por exemplo, de uma limitada (Ltda), onde o capital não é listado em bolsas (capital fechado). A maior parte das grandes empresas são S.A´s, enquanto a maioria das pequenas empresas são Ltdas.

Empresas de capital fechado


Se você resolver abrir uma nova empresa, possivelmente o fará como uma Ltda (ou empresa de capital fechado). Vamos supor que a nova empresa tenha cinco sócios, com a mesma participação (20% do total de R$ 100.000,00). Neste caso, cada sócio subscreveu R$ 20.000 do capital da empresa. A empresa então utiliza o capital subscrito para iniciar suas atividades (comprar matéria-prima, pagar instalações e funcionários, etc.). Vamos supor agora que um sócio decida sair da empresa e os outros decidam comprar sua parte. Neste caso, após decidir o quanto vale esta parcela do capital da empresa (para facilitar vamos supor que valha R$ 20.000) cada um dos sócios restantes pagará R$ 5.000,00, mantendo o capital total em R$ 100.000,00, agora com 25% cada um.

Empresas de Capital Aberto

Uma empresa de capital aberto funciona basicamente da mesma forma. Usando o exemplo acima (os valores serão mantidos somente para facilitar a análise, já que para lançar ações em bolsa os valores devem ser muito mais altos) fica fácil entender o que é uma ação. Vamos supor agora que os quatro sócios não tenham recursos para comprar a fatia do sócio que resolveu sair. Eles podem optar por abrir o capital da empresa, ou seja, lançar ações. Neste caso eles decidem vender R$ 20.000 do capital da empresa, lançando 20.000 ações a R$ 1,00 cada. Ao comprar uma ação, você passa a ser sócio de uma empresa, comprando uma participação no capital da mesma. Se a empresa for bem, o preço da ação possivelmente subirá, se as coisas não forem tão bem assim, o preço possivelmente cairá. Desta forma, através do lançamento de ações, uma empresa aumenta substancialmente o número de acionistas (sócios), obtendo recursos que talvez não estivessem disponíveis de outra forma para investir na empresa. Do ponto de vista do investidor, comprar ações dá a possibilidade dele se tornar um "sócio" da empresa, investindo um valor de acordo com as suas disponibilidades

Mas o que é especular, Zé Paulo, no mercado de ações? Vejam a explicação abaixo.

Especulação²

Em economia, consiste em uma aposta acerca do futuro econômico de um país, um setor de atividade ou de uma empresa.

O movimento das bolsas de valores, por exemplo, resulta, em grande parte, de manobras especulativas. Um grande número de agentes ou um único agente - desde que suficientemente poderoso - pode, através de operações vultosas de compra ou venda das ações de uma empresa, forçar uma alta ou uma baixa dos preços. Se o preço das ações aumenta, outros investidores, acreditando que os preços possam subir ainda mais, compram também. Tais expectativas podem se concretizar ou não.

A especulação financeira foi um dos fatores que levaram à crise de 1929, quando houve o crash da bolsa de Nova York. Neste caso, ficou claro que havia uma enorme diferença entre o preço esperado das ações e o valor real dos ativos das empresas. A diferença correspondia à especulação ou à expectativa de lucros dos especuladores.

Especulador é um participante do mercado que espera que o retorno dos seus investimentos seja primariamente providenciado pelas acções (compras/vendas) dos outros participantes no mercado. Opõe-se ao conceito de investidor - o participante que espera que o retorno dos seus investimentos seja primariamente providenciado pelos fluxos financeiros gerados pelo activo no qual investe. A especulação é o risco não assumido pelo investidor e é considerada uma prática nefasta, podendo provocar a quebra de mercados, em benefício de alguns especuladores. Normalmente é objeto de controle pelos órgãos fiscalizadores (como a CVM) do mercado de capitais

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Outra boa definição sobre o que é a especulação na Bolsa de Valores e como ela funciona você pode encontrar abaixo.

O mercado acionário tem atraído muitos investidores iniciantes, pessoas que arriscam milhares de reais e algumas vezes não tem idéia do terreno onde estão pisando. Não é fácil fazer dinheiro, ainda mais com ações. É necessário muito estudo, muita análise e um mínimo de conhecimento sobre especulação.

“Mas afinal, o que é isso?”

A meu ver, a especulação é um dos pilares de influências sobre os valores das ações. É nada mais, nada menos, que a previsão que os investidores fazem sobre uma determinada ação.

Quando uma pessoa bem preparada se interessa em comprar uma ação, se interessa por algum motivo. O primeiro passo depois do interesse é pesquisar se esse motivo procede procurando informações gerais sobre a empresa a fim de formar uma opinião sobre ela ter ou não um futuro promissor.

“E como a opinião das pessoas influencia no preço das ações?”

Lei da oferta e da procura. Conhece?

No caso das ofertas públicas de ações, a quantidade de ações a serem liberadas é fixa. O que varia é a quantidade de pessoas interessadas. Essas pessoas se baseiam nas suas especulações sobre o futuro da ação e quanto mais pessoas preverem um futuro promissor, mais irão querer comprar. O que acontece? O preço sobe.

É por isso que geralmente, IPO’s (Initial Public Offer ou Oferta Pública Inicial) são bons negócios. Muitos investidores esperam para ver como o mercado vai reagir a essas novas ações e só depois compram (ou não) as ações. E o preço sobe novamente…

Resumindo: especulação sobre o mercado acionário e financeiro está diretamente ligada à previsões sobre instituições, sobre possíveis acontecimentos, sobre pessoas envolvidas, etc. Tudo o que diz respeito ao que você quer saber.

Fonte: clique aqui


terça-feira, 18 de maio de 2010

O New Deal

O comunista Roosevelt

Ele, sim, fixava preço, salário, jornada
e se metia até em eleição sindical

Bettmann/Corbis/Latinstock
UM NOVO OLHAR
O juiz Louis Brandeis, da Suprema Corte: capitalismo humanizado


Quando se ouve falar dos trilhões de dólares que Barack Obama está despejando em empresas e bancos, fica-se com a impressão de que a Casa Branca nunca interferiu tanto na economia. É engano. Ao assumir o governo, em 1933, Franklin Roosevelt, então com 51 anos, dos quais passou 25 só pensando em como chegar à Presidência, encontrou um cenário desolador. O desemprego castigava 13 milhões de americanos, 10 000 bancos haviam falido, o PIB caíra 25%, 1 000 americanos perdiam sua casa por dia. Com o apoio da opinião pública e do Congresso, Roosevelt lançou o pacote mais intervencionista da história americana, o New Deal. As leis – numerosas, detalhadas e quase todas inconstitucionais – davam-lhe poderes inimagináveis hoje em dia. O governo podia fixar o preço do litro do leite, estabelecer cotas de produção de petróleo, definir o tamanho da jornada de trabalho dos bancários, fechar o mercado a indústrias estrangeiras, dar e cancelar licenças de negócios. Roosevelt se metia até em eleição sindical. Coisa de dar inveja a líder soviético.

"Era difícil imaginar leis que fossem mais agressivas ao laissez-faire, à liberdade de contrato e à competição de livre mercado", escreveu Peter Irons, autor de A People’s History of the Supreme Court (Uma história da Suprema Corte sob a ótica do povo), um livro fabuloso em que narra, com precisão e argúcia, as decisões mais relevantes da história da Suprema Corte. "Também era difícil imaginar leis que se baseassem em noções tão elásticas dos poderes constitucionais." Roosevelt criou uma burocracia tão volumosa que alguns patrões tinham de pagar salários diferentes em diferentes horas do dia de trabalho. Cabia ao governo dizer aos agricultores o número de hectares em que podiam plantar algodão ou milho. Ao pecuarista, quantas cabeças de gado podia criar ou o tamanho de seu aviário. Para garantir a implantação das leis, o presidente criou uma agência cujo comando entregou a um general fascista que adorava o ditador italiano Benito Mussolini. Eram outros tempos. Mussolini estava no poder fazia uma década. Adolf Hitler chegara ao comando da Alemanha havia um mês.

Corbis/Latinstock
ERA DESOLADOR
Um acampamento de sem-teto nos anos 30

Passaram-se dois anos, de 1933 a 1935, até que as primeiras leis do New Deal chegassem ao julgamento da Suprema Corte, que começou então a cortar as asas discricionárias do presidente. Tal como um comissário soviético, Roosevelt esperneou. Em conversa hoje célebre com repórteres na Casa Branca, falou de suas preocupações. E se a fábrica cortar o salário mínimo, o que os operários farão? E se aumentarem a jornada de trabalho das costureiras até 9 da noite, o que as meninas farão? Sairão às 5 da tarde, arriscando perder o emprego? Para cortar as asas da Suprema Corte, Roosevelt maquinou uma intervenção pela qual acrescentaria em todos os tribunais um novo juiz para cada juiz com mais de 70 anos. Dos nove juízes da Suprema Corte, seis eram septuagenários. A proposta não foi em frente, mas os velhinhos começaram a se aposentar. Um dos primeiros foi Louis Brandeis, magistrado rigoroso, avesso às grandes empresas e – coisa rara então – preocupado com direitos humanos.

Em seu tempo, Roosevelt também foi sistematicamente acusado de socialista. Aristocrático e poliglota, ele foi, como diz uma de suas numerosas biografias, "um traidor de sua classe". Não deu trégua a empresários e industriais. Foi o presidente que mais se empenhou em dar assistência a desempregados, amparar velhos e proteger trabalhadores. Foi o "comunismo" de Roosevelt que salvou a economia? Provavelmente não. O que arrancou o país da recessão foi o esforço para entrar na II Guerra e decidi-la, e não o intervencionismo do New Deal. Mas Roosevelt mudou a própria organização da sociedade americana. Só depois dele os humildes do capitalismo ganharam um lugar à mesa.

Fonte: Revista Veja, 18 de março de 2009.


Leia a matéria completa aqui.

terça-feira, 11 de maio de 2010

A Crise de 1929 em Veja na história

A euforia....

Nos últimos anos, o fenomenal desempenho das ações parecia desafiar o adágio de que tudo que sobe deve descer. Há pouco mais de um mês, em 3 de setembro, o índice de ações industriais publicados pelo diário The New York Times atingia seu ápice histórico, com 452 pontos. Em 1925, o mesmo indicador registrava 159 tentos. A facilidade da compra de ações seduziu milhares de investidores, que colocavam todo o dinheiro que tinham, e especialmente o que não tinham, em pedaços de papéis certificados. Comprar ações "na margem" – pagando uma pequeníssima parcela do valor e tomando o restante emprestado do corretor ou do banco – era, até dias atrás, prática absolutamente comum e aparentemente segura. Afinal, como as ações não paravam de se valorizar, bastava vendê-las, quitar o débito com o credor e embolsar o lucro. A euforia era infinita.

As Cassandras da época...

Algumas vozes já vinham predizendo, nos últimos meses, um estouro da bolha especulativa que alimentava os estratosféricos índices da Bolsa de Nova York. E não havia nesses oráculos nenhum tom sobrenatural – apenas o escrutínio dos fatos e as lições de quebras passadas. Contudo, alertar para essa situação significava ser tachado de destrutivista ou anti-patriota. O teórico Roger Babson, que, no início de setembro, cunhou seu agora célebre vaticínio – "mais cedo ou mais tarde, o crash virá, e poderá ser tremendo" –, foi ironizado, desacreditado e assacado pelos guardiões de Wall Street.

Leia o artigo completo aqui.

Sobre os efeitos da Crise de 1929 no Brasil, leia aqui.

A crise de hoje e a Crise de ontem.

Um terremoto em Manhattan: investidores e curiosos amontoados diante da Bolsa de Valores de Nova York na 'quinta negra'


Esta semana vamos estudar a Crise de 29, fato que provocou a maior crise da história do capitalismo. Conhecer e analisar as causas e efeitos dessa crise será a nossa tarefa nas próximas aulas.

Como introdução ao tema, republico um artigo que escrevi há um ano para o jornal Correio Lassalista, quando se imaginava que a crise no sistema financeiro dos Estados Unidos provocaria o fim do capitalismo. Instado a me posicionar sobre o tema, escrevi o artigo abaixo.

14 Maio, 2009 A Crise e o fim do capitalismo.*

Está em O Capital a previsão de que o futuro da humanidade, inevitavelmente, seria o socialismo. Ainda hoje, mesmo após a Queda do Muro de Berlim e do colapso do socialismo no início da década de 1990, não é difícil encontrar pessoas que ainda crêem nesse dogma de fé.


É oportuno lembrar que nos idos de 1992, o cientista político norte-americano Francis Fukuyama, já afirmava no seu livro mais polêmico: O Fim da História e o Último Homem que o futuro da humanidade estava justamente na democracia liberal e, claro, no único sistema econômico compatível com esse regime político: o capitalismo.


A razão de iniciar esse artigo fazendo essas lembranças é simples: não foram poucos, no Brasil e em outras terras, os que viram na crise econômica atual a “consumação dos séculos” do credo marxista. “Chegou ao fim a era do neoliberalismo.” Foi uma frase ouvida em diversos idiomas e pronunciada por presidentes, ministros, economistas, jornalistas e intelectuais. Outros, mais afoitos, certamente em transe, divisaram, na crise atual, o romper de uma nova aurora em que o socialismo iria se impor num mundo carcomido pela ganância capitalista. E, no entanto, mais uma vez, e para a sorte da humanidade, essas cassandras às avessas erraram.


A crise financeira atual, certamente a mais grave desde a Crise de 29, não é, como a de 29 não foi, o último suspiro do capitalismo. A crise atual, como a de 29, vai passar por um período de ajuste onde o Estado terá um papel importante, mas não preponderante. Os indolentes, sempre prontos a repetir o que ouvem, mas quase nunca dispostos a folhear alguns livrinhos básicos, apegam-se ao socorro do Estado às instituições financeiras em crise como se isso fosse uma prova cabal do fracasso do sistema liberal-capitalista. Esquecem ou desconhecem – porque não se deve subestimar a ignorância dessas pessoas – que o Estado é chamado a intervir porque a não intervenção agrava os efeitos da crise, punindo o lado mais vulnerável: o dos correntistas. O não-socorro aos bancos certamente provocaria um colapso no sistema de crédito o que afetaria o setor produtivo provocando um desemprego em massa, reduzindo drasticamente o consumo e, aí sim, teríamos uma situação semelhante à da Grande Depressão.


A intervenção do Estado, portanto, tem um propósito: reequilibrar o sistema, e não, aboli-lo. Até porque, o crescimento dos últimos anos que atingiu os países ricos, mas também os emergentes como o Brasil e a China, ocorreu graças a essa política de crédito farto e de exigências frouxas na concessão de empréstimos que contaminou o sistema financeiro mundial. A bolha explodiu, mas antes, quando ela se inflava, muitos ganharam e enriqueceram. Justamente os que mais ganharam e enriqueceram com o período de prosperidade são os que mais estã sofrendo agora.


O mundo pós-crise terá mais controle do Estado no sistema financeiro, mas o Estado, para tristeza de muitos, não dirigirá a economia daqui para frente, porque a história já provou que esse modelo não gera riqueza e a única igualdade que produz é a da miséria e a do atraso.


* Artigo escrito para o Correio Lassalista, publicação trimestral de Centro Educacional La Salle, Brasília - DF.