Esta semana daremos início aos nossos estudos sobre a Revolução Russa de 1917. Antes de tudo, porém, algumas informações prévias são fundamentais para que esse conteúdo seja bem compreendido. A primeira é que a Revolução de 1917, na verdade, não foi uma, mas duas revoluções: a de Fevereiro que teve um caráter liberal e burguês, e a de Outubro, conduzida pelos bolcheviques, que teve um caráter socialista.
A segunda informação relevante é que a Rússia era tão atrasada em relação a Europa ocidental que até o calendário que eles adotavam era diferente. Os russos ainda utilizavam o calendário Juliano, atrasado em 13 dias em relação ao calendário Gregoriano, utlizado no ocidente. Por isso, quando se fala em Revolução de Fevereiro e Revolução de Outubro, está se usando o calendário Juliano. Fosse no nosso calendário, as ditas revoluções teriam ocorrido em março e em novembro.
A insatisfação de vários setores sociais da Rússia com a política do Czar Nicolau II era evidente. Entre os liberais, do partido Kadete, a insatisfação se dava com a maneira absolutista que o imperador russo governava o imenso império. Com os socialistas do Partido Social-Democrata da Rússia, marxistas, a insatisfação se dava, sobretudo, com a situação de miséria no campo e a exploração do operariado nas fábricas.
Em relação ao partido social-democrata, é importante ressalvar que, a patir de 1903, ele se dividiu em dois grupos: os mencheviques (minoria, em russo) e bolcheviques (maioria, em russo). Embora marxistas (seguidores de Karl Marx), esses dois grupos divergiam quanto à forma de se chegar ao socialismo. Marxistas ortodoxos, os mencheviques entendiam que era preciso primeiro desenvolver o capitalismo na Rússia para só depois implantar o socialismo no país, por isso, não eram contrários a aproximação com a burguesia. Já os bolcheviques entendiam que era possível implantar o socialismo de imediato, desde que se unissem aos operários e aos camponeses, rechaçando qualquer aproximação com setores liberais ou burgueses. Com o tempo, essas duas correntes do Partido Social-Democrata Russo também se tornaram partidos políticos.
Além desses partidos, todos clandestinos, diga-se, intelectuais russos também desaprovavam o governo do czar e imaginavam que somente num ambiente democrático e livre, a Rússia poderia, finalmente, progredir.
A construção de uma ferrovia na Sibéria provocou um conflito do império com o Japão, que apesar de ter se industrializado somente nos finais do século XIX, estava bem mais desenvolvido que o gigante russo e, por isso, derrotou a Rússia, na Guerra Russo-Japonesa, agravando a crise política no império e abalando ainda mais o prestígio do czar diante do povo.
Em 9 de janeiro de 1905, um domingo, milhares de manifestantes, liderados por um padre da Igreja Ortodoxa Russa, foram até o Palácio de Inverno onde ficava o imperador para lhe entregar uma carta com uma série de reivindicações, como a redução da jornada de trabalho, eleições para Duma e mais liberdade. Apesar de desarmados, os manifestantes foram recebidos a bala pelos guardas do Palácio, conhecidos como cossacos, provocando um verdadeiro massacre, que entrou para a história com o nome de Domingo Sangrento. Abaixo, assista a um vídeo de 3 minutos e 11 segundos sobre esse massacre, reproduzido no filme O Encouraçado Potemkin, de 1925, filmado pelo cineasta russo Sergei Eisenstein.
A partir desse massacre, revoltas, como a do encouraçado Potemkin, na região de Odessa, greves e a criação dos sovietes (conselhos formados por soldados e operários) eclodiram em diversas partes da Rússia, obrigando Nicolau II a recuar politicamente e a aceitar uma série de exigências, como a convocação de uma eleição para o parlamento russo (Duma). Contudo, depois de passado o momento mais crítico, o czar foi anulando todas as medidas tomadas e em pouco tempo a Rússia voltava ao mesmo quadro absolutista de antes.
Essas revoltas espontâneas ficaram conhecidas como Ensaio Geral, uma espécie de prelúdio da Revolução de 1917.
Seria preciso esperar que os efeitos desastrosos da participação do país na I Guerra Mundial se fizessem sentir na população russa, para que as forças opositoras do czar, finalmente, o depusesse do trono, dando início à revolução.
Assistam ao Domingo Sangrento.
A segunda informação relevante é que a Rússia era tão atrasada em relação a Europa ocidental que até o calendário que eles adotavam era diferente. Os russos ainda utilizavam o calendário Juliano, atrasado em 13 dias em relação ao calendário Gregoriano, utlizado no ocidente. Por isso, quando se fala em Revolução de Fevereiro e Revolução de Outubro, está se usando o calendário Juliano. Fosse no nosso calendário, as ditas revoluções teriam ocorrido em março e em novembro.
A insatisfação de vários setores sociais da Rússia com a política do Czar Nicolau II era evidente. Entre os liberais, do partido Kadete, a insatisfação se dava com a maneira absolutista que o imperador russo governava o imenso império. Com os socialistas do Partido Social-Democrata da Rússia, marxistas, a insatisfação se dava, sobretudo, com a situação de miséria no campo e a exploração do operariado nas fábricas.
Em relação ao partido social-democrata, é importante ressalvar que, a patir de 1903, ele se dividiu em dois grupos: os mencheviques (minoria, em russo) e bolcheviques (maioria, em russo). Embora marxistas (seguidores de Karl Marx), esses dois grupos divergiam quanto à forma de se chegar ao socialismo. Marxistas ortodoxos, os mencheviques entendiam que era preciso primeiro desenvolver o capitalismo na Rússia para só depois implantar o socialismo no país, por isso, não eram contrários a aproximação com a burguesia. Já os bolcheviques entendiam que era possível implantar o socialismo de imediato, desde que se unissem aos operários e aos camponeses, rechaçando qualquer aproximação com setores liberais ou burgueses. Com o tempo, essas duas correntes do Partido Social-Democrata Russo também se tornaram partidos políticos.
Além desses partidos, todos clandestinos, diga-se, intelectuais russos também desaprovavam o governo do czar e imaginavam que somente num ambiente democrático e livre, a Rússia poderia, finalmente, progredir.
A construção de uma ferrovia na Sibéria provocou um conflito do império com o Japão, que apesar de ter se industrializado somente nos finais do século XIX, estava bem mais desenvolvido que o gigante russo e, por isso, derrotou a Rússia, na Guerra Russo-Japonesa, agravando a crise política no império e abalando ainda mais o prestígio do czar diante do povo.
Em 9 de janeiro de 1905, um domingo, milhares de manifestantes, liderados por um padre da Igreja Ortodoxa Russa, foram até o Palácio de Inverno onde ficava o imperador para lhe entregar uma carta com uma série de reivindicações, como a redução da jornada de trabalho, eleições para Duma e mais liberdade. Apesar de desarmados, os manifestantes foram recebidos a bala pelos guardas do Palácio, conhecidos como cossacos, provocando um verdadeiro massacre, que entrou para a história com o nome de Domingo Sangrento. Abaixo, assista a um vídeo de 3 minutos e 11 segundos sobre esse massacre, reproduzido no filme O Encouraçado Potemkin, de 1925, filmado pelo cineasta russo Sergei Eisenstein.
A partir desse massacre, revoltas, como a do encouraçado Potemkin, na região de Odessa, greves e a criação dos sovietes (conselhos formados por soldados e operários) eclodiram em diversas partes da Rússia, obrigando Nicolau II a recuar politicamente e a aceitar uma série de exigências, como a convocação de uma eleição para o parlamento russo (Duma). Contudo, depois de passado o momento mais crítico, o czar foi anulando todas as medidas tomadas e em pouco tempo a Rússia voltava ao mesmo quadro absolutista de antes.
Essas revoltas espontâneas ficaram conhecidas como Ensaio Geral, uma espécie de prelúdio da Revolução de 1917.
Seria preciso esperar que os efeitos desastrosos da participação do país na I Guerra Mundial se fizessem sentir na população russa, para que as forças opositoras do czar, finalmente, o depusesse do trono, dando início à revolução.
Assistam ao Domingo Sangrento.
8 comentários:
Zé Paulo! Aqui é a Priscila Petrarca, tua aluna do ano passado, lembra? Que saudade de ti! Manda notícias ali no meu blog.
Um beijão!
Olá Zé Paulo, meu nome é Raissa.
Você poderia me responder o seguinte?
1- Porque Lênin chamou as revoluções de 195 de "ensaio geral"?
2- o que representou o "domingo sangrento" para o chamado "ensaio geral"?
Olá, Raissa.
Em 1905, após o Domingo Sangrento, várias manifestações populares e de alguma forma expontâneas, porque não planejadas, sacudiu o império russo, obrigando o Czar Nicolau II a fazer concessões como a convocação de uma eleição para a Duma, o parlamento russo.
Essas manifestações expontâneas na visão de Lênin e que está presente na maioria dos livros de história, foi um ensaio revolucionário as revoluções de 1917, daí o nome, Ensaio Geral.
Finalmente, o Ensaio Geral foi uma consequência, uma reação ao Domingo Sangrento, quando a guarda do Palácio de Inverno do Czar, sob às ordens de Nicolau II, atirou contra os manifestantes desarmados e liderados por um padre ortodoxo.
Um abraço.
Oi...Zé Paulo daqui é a Marta,gostava que me responde-se a uma pergunta. em que consistiu o "domingo sangrento"?
zé paulo, você poderia me responder ? comente a trajetória do governo provisório. beijos .
boa tarde professor Paulo,
gostaria de saber quais as reivindicação durante o ensaio geral.
agradeço desde já..
Boa Tarde Professor Paulo,
Gostaria de Saber quais foram as reivindicações durante o ensaio geral de 1905.
obrigado pela atenção..
Boa tarde Prefessor Zé Paulo,
Gostaria de saber qual o significado da Revoluçao Russa para o mundo.
Obrigado!
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