Em dois importantes momentos da
história do Brasil, o povo passou ao largo. Haverá quem radicalize, com alguma razão,
dizendo que não apenas em dois, mas em muitos outros momentos importantes da
história brasileira o povo não teve uma participação decisiva. Todavia, em duas
ocasiões definidoras de nossa história política, essa ausência do povo, ou se
preferirem, das massas foi retratada em pinturas. Refiro-me, é claro, aos
famosos quadros Independência ou Morte, conhecido também como Grito do
Ipiranga, de Pedro Américo, de 1888; e Proclamação da República, de Benedito
Calixto, de 1893. Em ambos, a mesma necessidade de exaltar as elites de forma heroica
e patriótica (afinal, esses artistas foram contratados por elas); Em ambas a
mesma necessidade de alterar alguns aspectos da cena a fim de dar a elas a grandiloquência
que não tiveram. Em ambos ( intenção dos artistas?), a mesma ausência e
irrelevância do elemento popular nesses
dois acontecimentos.
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