sábado, 3 de dezembro de 2011

ERA PRECISO ESCLARECER

Nunca escrevi um texto com o objetivo de buscar o aplauso ou os encômios que muitas vezes revelam mais a amizade que um leitor pode sentir por mim, do que a concordância com as ideias que defendo.

Nunca pautei minha postura em sala de aula pela fanfarronice que se interessa mais pela bajulação dos alunos, como se o professor fosse uma criatura carente que se não tiver da parte dos pupilos alguma demonstração de afeto, entra em depressão. Não quero alunos infantilizados. Quero alunos que crescam e que progridam intelectualmente. Crescer e progredir exige de todos nós maturidade para receber admoestações e, se for o caso, refutá-las com argumentos consistentes.

Nunca me escondi no anonimato. Nunca deixei de dizer o que penso. Logo eu, cuja marca é defender ideias que a maioria discorda, quando não, abomina. Por que me faltaria coragem para dirigir a quem quer que seja minhas duras críticas? O que eu deveria temer?

Na escola onde fui formado, eu e os meus colegas ouvíamos dos professores as reprimendas mais duras - aquelas que feriam os nossos brios e que nos deixavam enraivecidos - mas que reconhecíamos, e talvez por isso machucasse mais, que elas tinham sido justas. Eu e tantos colegas devemos o muito do que somos hoje como pessoas e profissionais aos professores que não se furtaram de tocar na ferida para nos fazer perceber onde estávamos errando.

E por que estou escrevendo esse post? Para tentar esclarecer a alguns meninos e meninas da turma 304 - pessoas de quem sempre gostei, e não preciso ficar aqui provando o meu apreço por ninguém - que onde eles enxergaram críticas e uma opinião negativa, havia tão-somente a percepção sincera que tive da turma. Não seria muito mais fácil e cômodo fazer rasgados elogios para ver na carinha deles um sorriso de júbilo? Seria. Mas se fizesse isso, eu não seria quem sou.

Não é prova de respeito e admiração dizer que eles - na verdade, a maioria da turma, porque sempre há exceções - poderiam ter sido bem melhores se tivessem levado o ano letivo com muito mais seriedade? Menti? Será que aqueles que se ofenderam com essa observação a ponto de dizer que odiavam hipocrisia foram, como estudantes, o que poderiam ter sido? Mostraram, em 2011, no 3° ano, todo o potencial que possuem? Não lembrei no texto que escrevi que quando eles mostrarem o que podem fazer a qualidade que eles têm vai ficar evidente? Onde estava a ofensa?

A única razão que eu vejo para a reação irascível é que alguns estavam esperando elogios, panegíricos, e como não encontraram, não perceberam que, ao adverti-los, dizendo que nesse ano eles decidiram não estudar tanto quanto podiam e deviam, isso era uma forma de mostrar todo o meu apreço por eles. Ficaram tão cegos pela raiva - injustificada, insisto - que sequer leram o meu reconhecimento de que estudando com compromisso eles ficariam entre os melhores. Indignados, alguns decidiram me dirigir impropérios que me feriram porque em nenhum momento os ofendi.

Meu Deus, será que não leram o meu texto? Havia algum menoscabo? O que foi o texto se não um grande incentivo aos formandos nessa nova etapa?

Lamento muito que alguns, talvez de forma apressada, tenham entendido o oposto do que eu disse.


2 comentários:

Anônimo disse...

Professor, a Escola de Sagres realmente existiu?

Zé Costa disse...

Há muita controvérsia sobre esse tema. O que se sabe, com certeza, é que não houve uma estrutura fisica onde astronômos, pilotos, geógrafos, cartógrafos, matemáticos estudavam meios de tornar a navegação no mar aberto mais rápida e segura. Contudo, os historiadores creem, fortemente, que sob o incentivo do infante Henrique, esses sábios se correspondiam e se encontravam para discutir suas ideias e impressões.