Nagasaki: 50 mil mortos
Hiroxima ardia, consumida pelo fogo e contaminada pela radiação, quando aviões americanos lançaram sobre as cidades japonesas um curto panfleto aterrador. Sua principa passagem dizia:
Possuímos o explosivo mais destruidor já idealizado pela humanidade. Uma única de nossas recém-desenvolvidas bombas atômicas é, na verdade, o equivalente em poder explosivo ao que podem transportar dois mil de nossos gigantescos B-29 numa só missão. Esse fato terrível deve ser ponderado por vocês, e nós asseguramos, solenemente, que ele é cruelmente preciso. Começamos a usar tal arma contra a sua terra natal. Se vocês têm alguma dúvida, investiguem o que aconteceu a Hiroxima quando apenas uma bomba atômica caiu sobre a cidade¹
"Litle Boy" caiu sobre Hiroxima a 6 de agosto de 1945. "Fat Man" caiu sobre Nagasaki três dias depois. No instante das detonações, o clarão da explosão emitiu uma radiação de calor que se deslocou à velocidade da luz. As pessoas que se encontravam em lugares abertos foram extensivamente queimadas: a pele carbonizou-se em tons marrom-escuro ou preto e elas pereceram depois de minutos e ou horas. A radiação térmica se deslocou em linha reta, como a luz, de modo que as áreas queimadas corresponderam à exposição direta a ela. Indivíduos que estavam no interior de edifícios e casas experimentaram queimaduras nas partes expostas através das janelas. Um homem que escrevia diante de uma janela teve as mãos completamente carbonizadas mas, devido ao ângulo de entrada da radiação, seu pescoço e sua face sofreram apenas queimaduras superficiais.
Sob os cogumelos atômicos, morreram no dia dos bombardeios algo em torno de 150 mil pessoas. Quatro meses depois, como efeito da radiação e das queimaduras, o saldo de mortes havia dobrado. O panfleto lançado sobre as cidades japonesas incentivava a população a pedir ao imperador que encerrase a guerra: "Nosso presidente delineou para vocês as 13 consequências de uma rendição honrosa." Os representantes do Japão assinaram, a 2 de setembro, a bordo do USS Missouri, o Instrumento de Rendição. "Nós, por este, proclamamos a rendição incondicional aos Poderes Aliados do Quartel-General imperial japonês e de todas as forças armadas japonesas e das forças armadas sob controle japonês, onde quer que estejam situadas".
Um símbolo de rendição incondicional: eis o primeiro significado de Hiroxima.
NOITE NUCLEAR.
"Por que já é noite? Por que a nossa casa caiu? O que aconteceu?". A sra. Nakamura não tinha as respostas para as insistentes perguntas de Myeko, sua filha de cinco anos. Naquela hora da manhã de 6 de agosto de 1945, os sobreviventes de Hiroxima não sabia o que os atingira e apenas começavam a vislumbrar a extensão do desastre. Nakamura acabara de retirar seus filhos pequenos dos escombros e retornara ao interior da casa destruída para encontrar agasalhos. A manhã de verão deveria ser quente, mas fazia um frio inexplicável e a cidade estava coberta por uma névoa úmida e escura. Ninguém ouvira o ruído característico das esquadrilhas de bombardeiros B-29, mas tudo era um monte de ruínas, até onde a nossa vista alcançava. Nas horas seguintes, em meio ao caos, os sobreviventes descobriram que eram as testemunhas da inauguração da era nuclear.
Fonte: O Mundo em Desordem; Demétrio Magnoli e Elaine Senise Barbosa; Páginas 421-422 e 425.
2 comentários:
Caro professor, Hiroshima se escreve com "sh" e não com "x".
As duas formas são aceitas, amigo. Pode acreditar.
Postar um comentário