domingo, 15 de março de 2009

Esclarecendo...

Recebi, ontem, de uma mesma pessoa, duas perguntas sobre o conteúdo da Revolução Russa. A primeira dizia respeito a Kerenski, líder do Governo Provisório, se ele era ou não menchevique. A segunda, sobre a partir de quando Lênin adotou a NEP. Vamos aos esclarecimentos.

O Governo Provisório foi exercido pelo príncipe Lvov e pelo líder socialista-revolucionário (SR) Alexander Kerenski. Ele não era um menchevique, portanto. O líder dos mencheviques era Martov.

Não esqueça que a Revolução de Fevereiro que derrubou o czarismo, implantando o Governo Provisório, tinha um caráter democrático-liberal.

A NEP foi criada em 1921, após os russos vermelhos terem derrotado os russos brancos na Guerra Civil. Durante o conflito, Lênin adotou o comunismo de guerra que levou à fome milhares de russos. Foi justamente a adoção da NEP que ajudou na superação da fome no país e também na tímida, mas decisiva recuperação econômica da União Soviética.

A pessoa que me escreveu solicitando esses esclarecimentos também opinou sobre o nosso livro de história e fez outras considerações sobre minhas aulas. Ela pediu que não publicasse o comentário, por isso não revelo seu nome nem publico o que ela escreveu. Mas, caso ela autorize...

Nas minhas aulas procuro me esforçar ao máximo para levar a vocês não um ponto de vista ou minha visão pessoal sobre um conteúdo - embora não me esquive de fazê-lo, quando provocado, sempre lembrando, porém, de que se trata de uma opinião e que não precisa ser seguida.

No entanto, há certos dados que não se trata de uma questão de ponto de vista. Lênin, Trotsky e Stálin, jamais foram democratas. Dizer o contrário não é ter outro ponto de vista. É mentir. Suas ideias de igualdade passavam pela eliminação dos adversários. Isso é ser democrático? O consenso posível era o deles. Divergências? Ideias contrárias? Nem pensar!

Não tenho problema de ser rotulado como um professor de direita. Mas a minha direita é a do Churchill, do Roosevelt, não é a do Pinochet, do Hitler, do Mussolini e de outros que eu espero estejam queimando no inferno. Mas e a esquerda dos outros? De quem é? Desafio uma pessoa que se orgulha em ser considerada de esquerda que tenha coragem de criticar Fidel Castro, o maior assassino por 100 mil habitantes, da história. Isso não é um ponto de vista, mas a verdade dos fatos.

Fico muito feliz em saber que minhas aulas estão ajudando a enriquecer o debate e a formação de vocês, meus caros. Só por isso, já tá valendo! Insisto: não exijo, nem exigirei de vocês atestado ideológico. Mas combato com destemor os dados errados, as distorções e as deturpações que um discurso engajado oferece.


2 comentários:

Anônimo disse...

Uma vez te pedi para me explicar essa diferença entre esquerda e direita, mas você disse que em uma aula você faria isso ou algo assim. Enfim, eu peço de novo rsrsrs
Sempre achei que a única diferença era que a esquerda era contrária ao governo adotado(ou seus representantes) e a direita era favorável. Mas pelo que você diz em sala, envolve muito mais do que essa simples divergência de opiniões. . .
Quanto ao seu comentário sobre suas aulas estarem ajudando a enriquecer nossos debates, tenha essa certeza, pelo menos no meu caso :)

Zé Costa disse...

É verdade Ananda. Assumo o compromisso de fazê-lo aqui e em sala, ok?

Um abraço