Acerca dos valores que compõem um regime republicano, leia a matéria abaixo, publicada no Estadão, no dia 15/04/2013. Volto logo depois.
Primeiro escalão de Dilma usa jatos da FAB em viagens de agenda 'maquiada'
Ministros e vice-presidente aproveitam deslocamentos em voos privê para participar de eventos sem relação com atividades no governo; uso das aeronaves é crescente na gestão Dilma, apesar de recomendação presidencial para haver parcimônia
15 de abril de 2013 | 2h 05
Débora Bergamasco, Fábio Fabrini e Mariângela Gallucci - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Integrantes do primeiro escalão da presidente
Dilma Rousseff usam jatinhos da Força Aérea Brasileira (FAB) para
viagens de agenda "maquiada", onde misturam compromissos oficiais e
eventos não relacionados às suas atividades no governo. Também recorrem
às aeronaves privê para voltar para casa no fim de semana, quando
poderiam optar por voos comerciais disponíveis nos mesmos horários.
Em pouco mais de dois anos de governo Dilma, os voos em jatinhos do
primeiro escalão somam uma distância equivalente a dez vezes o caminho
de ida e volta à Lua. Foram 5,8 mil voos, com custo estimado de R$ 44,8
milhões, segundo cálculo feito pelo professor Fernando Martini Catalano,
chefe do Departamento de Engenharia Aeronáutica da USP em São Carlos, a
pedido do Estado - a FAB não divulga o número por considerá-lo
"estratégico".
No início do mandato, Dilma recomendou parcimônia no uso dos
jatinhos. Isso não impediu que os pousos e decolagens aumentassem 5% de
2011 para 2012 e o tempo de voo crescesse 10%.
O decreto presidencial 4.244, de 2002, define as prioridades de
utilização das aeronaves: emergências de segurança ou médica têm
preferência. Depois, vêm as viagens a serviço. Recorrer ao táxi aéreo
público para deslocamento às residências nos Estados aparece apenas como
terceiro item de prioridade de uso.
São 18 aeronaves à disposição de ministros, vice-presidente da
República e presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal
Federal. Dilma tem dois jatos, exclusivos da Presidência.
Agendas. O ministro-chefe da Advocacia-Geral da
União, Luís Inácio Adams, recorreu a um Embraer ERJ 145, com capacidade
para ao menos 36 passageiros, para visitar, em 22 de agosto de 2011, uma
segunda-feira, o ex-presidente Lula no Instituto Cidadania, em São
Paulo. A preços de hoje, a viagem nessa aeronave custaria cerca de R$
6,6 mil, ante R$ 700 em trecho de carreira,
cotado, para o mesmo horário, com três dias de antecedência. Apesar de
estar entre as atribuições da AGU cuidar de casos envolvendo
ex-presidentes, a agenda oficial de Adams não registrou o evento.
O então ministro da Educação, Fernando Haddad, também participou do
encontro com Lula. Discutiu sua futura candidatura à Prefeitura de São
Paulo. Ele havia chegado ao interior de São Paulo, também de jatinho
público, na sexta-feira anterior para eventos do governo em São José dos
Campos. Justificou sua permanência na capital paulista dizendo que
teria de dar uma entrevista, como ministro, a uma rádio na
segunda-feira. Horas depois estava com Lula falando da eleição
municipal.
Vice. Em 16 de janeiro deste ano, o vice-presidente
Michel Temer, chefe do PMDB, solicitou um Embraer ERJ 135 para decolar
de Brasília para São Paulo, às 18h. Na manhã seguinte, passou o dia a
serviço do partido, negociando a candidatura do deputado peemedebista
Henrique Eduardo Alves (RN) ao comando da Câmara. À noite, participou de
jantar de apoio ao parlamentar num restaurante dos Jardins. "É a vez do
PMDB", disse o vice-presidente no evento. Sua agenda não registra
nenhuma tarefa de governo na data.
Em 9 de outubro do ano passado, coube à Aeronáutica levar Temer a um
encontro com Haddad, no qual costurou o apoio de seu partido ao petista
no 2.º turno das eleições municipais. O jato partiu do Rio de Janeiro
para São Paulo na véspera, às 18h. Segundo o site da Vice-Presidência,
Temer não teve atribuições governamentais naquela data.
Na Esplanada dos Ministérios, é comum o uso de compromissos
genericamente descritos nas agendas oficiais para justificar viagens a
bordo da esquadrilha do governo. Um dos mais frequentes passageiros da
FAB, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, embarcou em 17 de fevereiro
de 2012 para São Paulo, uma sexta-feira, a título de participar de
"reuniões internas" no prédio do Banco do Brasil.
A FAB também foi buscar ministro no retorno de evento que celebrou os
dez anos do PT no poder, em 20 do mês passado em São Paulo. Naquele
dia, uma quarta-feira, José Eduardo Cardozo (PT) despachou em Brasília
até as 17h, viajando em seguida para a festa. Não pediu o benefício na
ida, mas, segundo as planilhas da Aeronáutica, usou um na volta, no dia
seguinte, às 15h.
'Despropositado'. Procurador do Ministério Público
no Tribunal de Contas da União (TCU), Marinus de Vries Marsico diz que
práticas do tipo são "absolutamente despropositadas". "Não me custaria
pedir uma investigação sobre esses casos, porque é o uso da máquina
pública para privilegiar um partido em detrimento de outros."
Ele afirma que, embora não seja ilegal, requerer estrutura pública
apenas para voltar para o Estado de origem, com finalidade privada, não
está em consonância com o princípio da moralidade. "A FAB não é táxi
aéreo e o ministro que quiser visitar sua casa deveria embarcar em um
voo de carreira, como qualquer outro cidadão", comenta.
Entre os auxiliares de Dilma, há quem destoe do comportamento padrão.
O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, que não
voou nenhuma vez em aviões federais, diz preferir a aviação comercial
porque pode ser reservada com mais antecedência e a preços mais baixos.
"Considero que, se o trajeto de avião de carreira sair mais barato e não
houver impedimento para usá-lo, essa opção é a mais recomendável."
A partir do que foi discutido em sala de aula acerca dos valores de uma república, responda que valores republicanos foram desrespeitados segundo a matéria?
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