À esquerda, Leon Trotsky. Ao lado dele, Stálin. |
Após a morte de Lênin, em 1924, o
comando da Revolução foi disputado entre os colaboradores mais próximos
do líder máximo dos bolcheviques. Hoje se sabe que Lênin tinha uma
preferência por Trotsky, mas convalescendo de um derrame, o chefe dos
bolcheviques não tinha mais força para fazer prevalecer a sua vontade. A
incapacidade física de Lênin deu a Stálin a oportunidade necessária
para se tornar o líder da Revolução. Disciplinado, incansável e com boa
reputação entre a maioria dos membros do partido (o que em se tratando
de bolcheviques significava crueldade e frieza com os inimigos), Stálin
não deu à mínima para a preferência de Lênin por Trotsky.
Diretor
do jornal Pravda, que por ironia significa verdade em russo, Stálin não
sentiu pudores de enganar o próprio chefe moribundo que numa cama
recebia o jornal sem saber que se tratava de uma edição falsa,
previamente preparada a mando de Stálin para não aborrecer o Grande
Líder. Se Stálin era capaz de enganar o próprio Lênin, o que não faria
para esmagar Trotsky? Nessa conjuntura, não havia muita chance para o criador do exército vermelho.
Nos
livros didáticos de história essa disputa entre Stálin e Trotsky se
resume aos modelos de revolução que cada um defendia. Leon Trostky era
partidário da revolução permanente e imaginava que se a revolução
socialista não se difundisse pela Europa, o próprio regime na Rússia
estaria ameaçado. Stálin, por sua vez, acreditava que antes de tudo era
preciso consolidar o socialismo na Rússia para só depois pensar em
difundi-lo.
Mais do que divergências teóricas, Stalin e
Trotsky disputavam mesmo era o poder de comandar a revolução. Nessa
disputa, Trotsky saiu em desvantagem. O preferido de Lênin era
considerado arrogante entre os companheiros de armas, que, além disso,
viam seu "brilhantismo" intelectual com desconfiança. Para piorar, a
máquina do partido e os meandros da burocracia eram controlados por
Stálin.
Isolado no partido, e mais tarde afastado de suas funções no
governo por ordens de Stálin, Trotsky foi perdendo força até ser
expulso do país em 1929. No exterior criticou o socialismo de Stálin
acusando-o de se desviar do socialismo imaginado por Lênin.
Antes de mandar matar Trotsky no México, Stálin decidiu matá-lo na história. Num exemplo notório do que seria a política bolchevique de fazer sumir da história pessoas ou ideias tidas como inimigas, o camarada Stálin determinou que todos os registros fotográficos onde Trotsky aparecia ao lado de Lênin fossem alterados. Assim, nas fotos oficiais que contavam a história da Revolução de Outubro, Lênin que quase sempre tinha a companhia de Trotsky, aparece nas imagens sem o seu companheiro. Vejam dois exemplos abaixo:
Antes de mandar matar Trotsky no México, Stálin decidiu matá-lo na história. Num exemplo notório do que seria a política bolchevique de fazer sumir da história pessoas ou ideias tidas como inimigas, o camarada Stálin determinou que todos os registros fotográficos onde Trotsky aparecia ao lado de Lênin fossem alterados. Assim, nas fotos oficiais que contavam a história da Revolução de Outubro, Lênin que quase sempre tinha a companhia de Trotsky, aparece nas imagens sem o seu companheiro. Vejam dois exemplos abaixo:
Acima, Lênin discursando em frente ao teatro Bolshoi em Moscou. Repare em Trotsky ao lado do palanque. Abaixo, a mesma foto sem a presença de Trotsky.
Outro exemplo de como Stálin procurou apagar a memória de Trotsky da História. Aqui, o criador do exército vermelho está ao lado de Lênin. Veja, abaixo, como essa foto ficou depois das ordens de Stálin.
Aproveito
o ensejo para sugerir a leitura de um clássico escrito em 1948 e que
deveria ser leitura obrigatória de todo jovem que almeja chegar à
universidade. Refiro-me ao livro 1984, de George Orwell, pseudônimo do
escritor inglês Eric Blair, que de forma magistral mostra como seria o
mundo se governado por regimes totalitários, como o fascista ou o
comunista. Nesse livro há várias referências ao regime comunista da
União Soviética. Uma dessas referências, claramente influenciado pelo
que acontecia na União Soviética, o autor nos fala de um Ministério da
Verdade onde havia o Departamento de Registro, em que trabalhava
Winston Smith, personagem central do livro, cujo trabalho consiste em
fazer desaparecer dos registros históricos fatos e pessoas que são tidas
como inimigas do Partido. Além disso, esse departamento ajustava a
história às conveniência do Grande Irmão (Big Brother) que se era
contraditado pelos fatos, mudava-se os fatos para que o Grande Irmão
parecesse aos olhos do povo, infalível!
O livro é excelente!
* Esse texto foi originalmente publicado em 24 de fevereiro de 2009.
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